Design e IA: desenhando o futuro do UX design

Design e IA: desenhando o futuro do UX design



Author Eduardo Rubinato


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Pense em um projeto de design, já imaginou se você pudesse ser auxiliado, desde melhorar seus processos, cruzar dados de uma análise que por ventura você esteja fazendo, até sugerir ajustes em tempo real com base nos padrões de comportamento, ajudando você a refinar o design de um produto.

Bem essa possibilidade já chegou com a IA.

Uma mudança de foco: das ferramentas para a estratégia

O futuro do UX está passando por uma transformação significativa, movendo-se de um papel predominantemente operacional e focado em execução para uma função mais estratégica e influente, especialmente com a incorporação da Inteligência Artificial. 

Anteriormente, o trabalho do UX designer estava muito centrado na criação e no ajuste detalhado de elementos visuais, mas agora com o advento da IA é possível imaginar que no futuro cada vez mais trabalhos repetitivos serão deixados a cargos da IA fazendo com o que o design se torne mais estratégico. 

Afinal com a evolução das ferramentas, muitas dessas atividades estão sendo automatizadas pela IA, permitindo que os profissionais de UX dediquem mais tempo ao pensamento estratégico e à compreensão profunda do problema.

Do design visual para o estratégico

Muito se fala hoje do potencial da IA para tornar softwares ainda mais inteligentes e rápidos de modo a construir ou possibilitar cada vez mais uma melhor experiência aos seus usuários. Mas da mesma maneira que a IA vem revolucionando a maneira como softwares estão sendo pensados atualmente, também é possível pensar em IA no próprio contexto de UX.

É isso já está acontecendo, atualmente há várias iniciativas de software de design que estão incorporando a Inteligência Artificial para automatizar partes significativas do processo de criação, desde a concepção de telas até a construção de design systems completos.

Ferramentas como o Figma, Sketch, Adobe XD e outras estão integrando funcionalidades baseadas em IA que ajudam os designers a serem mais rápidos, eficientes e criativos. A proposta dessas ferramentas não é substituir o designer, mas sim permitir que ele se concentre no que realmente importa: a estratégia e a experiência do usuário.

Além disso, algumas ferramentas de design também estão começando a incorporar recursos de análise de acessibilidade, utilizando IA para identificar possíveis problemas de contraste, tamanho de fonte ou elementos interativos que não atendem aos padrões de usabilidade. Isso facilita a criação de designs mais inclusivos, sem precisar de revisões manuais em cada tela, algo que geralmente consome muito tempo.

How I built a REAL app using Figma AI in 48 hrs! (ENTIRE UX/UI Process)

Desta maneira, como podemos perceber no futuro cada vez mais ferramentas de criação visual farão grande parte do trabalho que hoje é feito por designers, até porque ferramentas que hoje já automatizam partes significativas do processo, tendem a evoluir para plataformas inteligentes que entregam soluções quase completas de design, com base em dados, boas práticas e objetivos de negócio.

A IA está se tornando cada vez mais capaz de interpretar briefs, gerar interfaces coerentes com um design system e até simular jornadas de usuário.

Sob este ponto, muito designers podem ficar intrigados ou assustados, afinal será que um dia eles serão substituíveis? A resposta é não!!! Na minha opinião deixaremos as atividades mecânicas de lado é caminharemos cada vez mais para um design estratégico potencializado pelo uso da IA em nosso dia a dia, seja em nossos processos, análises e também no que criamos.

Pensar o que, por que e como

Com o avanço das IA’s o UX designer tende a se tornar cada vez mais sobre o que deve ser feito, e menos sobre o "como desenhar".Assim ao invés de apenas criar telas, o foco irá se voltar para compreender a jornada do usuário e os desafios que ele enfrenta ao interagir com um produto. Permitindo desta maneira que o designer se torne um influenciador dentro da equipe de produto, ajudando a tomar decisões baseadas em dados, análises e não apenas em suposições. 

Contudo, isto também irá exigir do designer uma maior capacidade de entender corretamente dores, necessidades e oportunidades apresentadas em seus projetos, como também um maior alinhamento aos objetivos estratégicos do negócio.

Ressalvas feitas, vale notar que a IA também poderá transformar a forma como pesquisamos. Em vez de gastar horas analisando feedbacks, realizando entrevistas ou interpretando dados manualmente, já é possível contar com sistemas que fazem a triagem de grandes volumes de informações de forma quase instantânea, isso tende a acelerar o processo de descoberta e permitir ao UX designer concentrar-se na interpretação e aplicação desses dados de maneira mais eficaz.

Além disso, a IA ajudará a mapear padrões e identificar problemas recorrentes, assim o designer se tornará mais ágil e capaz de tomar decisões mais fundamentadas em dados reais, o que também resultará em melhorias mais rápidas no produto.

Vale ressaltar também que com os avanços das IAs o papel do UX desginer não será mais em relação a como o produto se apresenta, mas em como ele funciona como um todo, isto é, todos os seus pontos de interação, considerando assim a jornada completa do usuário, não apenas um ponto de contato específico. 

Por isso, o profissional de UX deve estar pronto para repensar o produto de forma sistêmica, garantindo que a experiência do usuário seja fluida, coesa e consistente em todos os pontos de contato e aqui já podemos pensar em Service Design ganhando ainda mais força.

Assim o UX designer assumirá um papel mais transversal dentro das empresas, em vez de ser exclusivamente uma função isolada dentro de times de design ou produto, os profissionais de UX serão peças chave em uma rede de colaboração, trabalhando junto aos múltiplos times, isso porque as decisões de design agora precisam ser alinhadas não só com as necessidades do usuário, mas também com as metas de negócios, dados de comportamento do usuário e as metas tecnológicas da empresa.

O novo profissional de design.

Como podemos perceber essa nova configuração irá exigir que o profissional de UX se desenvolva em várias frentes. 

Ele precisará entender mais sobre métricas de produto (como retenção, conversão e engajamento), sobre comportamento de usuários e sobre como esses dados influenciam o design. 

Além disso, ele precisa ser capaz de usar a IA de maneira eficaz, tanto em seus próprios processos, quanto na condução de um projeto para criar e otimizar layouts. 

Contudo, a parte técnica também entrará em jogo, com a necessidade do designer compreender como a IA pode ser aplicada ao design de interfaces e experiências, mas também quando ela não será a melhor solução.

Por fim, o novo profissional de UX designer será aquele que conseguirá equilibrar suas habilidades criativas com uma visão mais estratégica e analítica. Ele não só deverá ser capaz de projetar experiências impactantes, mas também de garantir que essas experiências tragam resultados reais para o negócio. 

Até porque a IA não vai substituir o UX; ela vai potencializar o papel do designer, permitindo que ele passe a se concentrar no que realmente importa: entender o usuário e alinhar as suas necessidades com os objetivos de negócio de forma mais rápida e eficaz. 

Assim o UX designer deixará de ser uma função puramente de execução para se tornar uma liderança dentro do desenvolvimento de um produto, guiando decisões e criando experiências que realmente fazem a diferença.

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